O ENSINO DA LIBRAS PARA CRIANÇAS SURDAS E OUVINTES EM SALAS DE AULA INCLUSIVAS

Autores

  • Danielle Matos Correia Ribeiro danielle.ribeiro@ufrb.com.br
    UFRB
  • Cleidiane Maurício dos Santos danielle.ribeiro@ufrb.com.br
    IF BAIANO
  • Jamille Arnaut Brito Moraes danielle.ribeiro@ufrb.com.br
    IF BAIANO

Palavras-chave:

Libras, Ensino, Crianças, Inclusão

Resumo

Este trabalho tem como objetivo apresentar as atividades desenvolvidas no projeto de extensão “O ensino da Libras para crianças surdas e ouvintes em salas de aula inclusivas”, na Escola Municipalizada Dr. Elísio Pimentel Marques, em Valença (BA). O projeto, vinculado ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação em Extensão – PIBIEX, foi realizado pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano (IF Baiano), Campus Valença, em parceria com a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). Por se tratarem de instituições públicas federais que têm como objetivo oferecer educação pública, gratuita e de qualidade, o IF Baiano e a UFRB visam atender às demandas locais e regionais. Destarte, este projeto veio ao encontro das necessidades da comunidade surda e da sociedade como um todo, a fim de proporcionar a interação entre crianças surdas usuárias da Língua Brasileira de Sinais (Libras) e crianças ouvintes que compartilham o mesmo espaço de ensino e aprendizagem. Sendo assim, além de fomentar a interlocução do Instituto e da Universidade com outras instituições de ensino, o projeto buscou, essencialmente, atender às necessidades comunicativas das crianças, promovendo a aprendizagem de uma segunda língua (L2) para as crianças ouvintes e avanços na aprendizagem de primeira língua (L1) para as crianças surdas. As crianças envolvidas na atividade extensionista estavam matriculadas em duas turmas do Ensino Fundamental, compreendidas na faixa etária entre 8 (oito) e 14 (catorze) anos de idade. Em relação ao domínio e conhecimento da Libras, as crianças ouvintes demonstraram pouco conhecimento acerca dessa língua, mas grande interesse em aprender. As crianças surdas, por sua vez, apresentaram praticamente o mesmo nível de aquisição da Libras, apesar das diferentes faixas etárias que possuíam. A escola dispunha de um tradutor/intérprete de Libras para mediar a comunicação entre as crianças surdas e seus professores e colegas. A metodologia utilizada baseou-se em uma pesquisa-ação, abrangendo salas de aula inclusivas, com crianças surdas e ouvintes, a partir da ministração de aulas de Libras de maneira expositiva e prática. A fim de promover uma aprendizagem dinâmica e interativa, a ludicidade foi utilizada enquanto ferramenta pedagógica através das brincadeiras, por meio do uso de jogos em Libras, gincana, dentre outras estratégias. Foram adotados como percurso metodológico a observação participante e instrumentos metodológicos, a gravação de vídeos e os registros em fotografia. Esses instrumentos nos possibilitaram o registro destas informações e a constatação do conhecimento em construção. Durante a execução do projeto, em cada aula, foram desenvolvidas atividades, em uma perspectiva de avaliação continuada e formativa, envolvendo tanto atividades extraclasse quanto em sala de aula. Assim, foram realizadas atividades orais, escritas e acompanhamento individualizado, no intuito de avaliar a aquisição de conhecimentos por parte dos alunos. Ademais, como atividade de culminância, foi apresentado pelas crianças, como produto final, um vídeo em Libras, envolvendo uma música e uma dramatização teatral. Esta experiência foi bastante exitosa, pois além de permitir atenuar as barreiras da comunicação que existiam entre as crianças, também possibilitou uma maior aproximação e interação entre elas. As crianças ouvintes passaram a conhecer um pouco mais acerca do universo linguístico e cultural das crianças surdas, valorizando a diversidade e as diferenças Além disso, houve o envolvimento de toda a comunidade escolar, ao passo que o projeto foi gerando curiosidade e interesse nos funcionários e professores em conhecer um pouco mais da Libras e do universo das crianças surdas.

Referências

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Publicado

2021-10-20

Como Citar

Ribeiro, D. M. C. ., Santos, C. M. dos ., & Moraes, J. A. B. . (2021). O ENSINO DA LIBRAS PARA CRIANÇAS SURDAS E OUVINTES EM SALAS DE AULA INCLUSIVAS. Cadernos Macambira, 6(1), 303–313. Recuperado de http://revista.lapprudes.net/index.php/CM/article/view/611

Edição

Seção

Eixo 11: Práticas pedagógicas com estudantes público da educação especial e/ou c