A PANDEMIA DO NOVO CORONAVÍRUS E AS IMPLICAÇÕES NA EJA: APONTAMENTOS DESDE MUTUÍPE-BA

Resumo

A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma modalidade educacional destinada a indivíduos que, por algum motivo, não tiveram acesso, ou não deram continuidade aos estudos na infância ou adolescência por questões relacionadas às condições de vida e de sobrevivência dos seus grupos sociais. Essa modalidade tem sido relegada pelas políticas públicas e seus sujeitos de direito enfrentam uma trajetória de desigualdades socioespaciais. A oferta da EJA se torna ainda mais complexa em face do comportamento espacial do vírus Síndrome Respiratória Aguda Grave do Coronavírus 2 (Sars-CoV-2) e da doença infecciosa causada por ele, a Doença do Coronavírus 2019 (COVID-19). O desdobramento desse processo ensejou a implementação de atividades mediadas ou não pelo uso de tecnologia realizadas fora das instituições de ensino de modo síncrono e assíncrono. O objetivo do presente trabalho é problematizar a oferta da EJA no contexto pandêmico, tomando como referência a cidade baiana de Mutuípe e a realidade concreta do Colégio Dr. Julival Rebouças. Para a realização do estudo, fez-se o levantamento, seleção, leitura e discussão de textos sobre Educação de Jovens e Adultos. Recorreu-se ainda a base de dados do Censo Escolar a partir de aplicativo desenvolvido pela Secretaria da Educação do Estado da Bahia; ao levantamento, seleção e apreciação dos Decretos expedidos pela Prefeitura Municipal de Mutuípe diante do contexto da pandemia; ao diagnóstico realizado pelo Fórum de Secretários de Educação dos Municípios do Vale do Jiquiriçá; dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Os resultados apontam que o ensino remoto privilegia os sujeitos com melhores condições socioeconômicas e evidencia a fragilidade do sistema público de ensino na medida em que aflora as desigualdades e demonstra que esforços pontuais não são capazes de permitir a integração dos sujeitos populares no processo de ensino e aprendizagem.