ETNOASTRONOMIA INDÍGENA DO BRASIL
Resumo
Tendo em vista o verbete “Etnoastronomia indígena do Brasil” criado pelo autor deste trabalho na
plataforma on-line da Wikipédia, pretende-se apresentar um estudo sobre as concepções astronômicas dos povos
Mebêngôkre (Kaiapós), Boe (Bororo), Magüta (Ticuna) e Tupinambá, bem como as principais constelações
identificadas por estes povos. A Etnoastronomia [do grego "ethno" (povo) + "astron" (astro) + "nomos"
(observação)], apesar de ser um termo que carece de uma definição precisa, podemos dizer que é o "estudo das
noções astronômicas das sociedades atuais baseadas na tradição oral" Leopold (2018), diferenciando-se de outras
duas “disciplinas coirmãs”, a Arqueoastronomia e a Astroarqueologia – que recaem no estudo da astronomia a
partir dos monumentos dos povos pré-históricos. A Etnoastronomia referente aos povos originários do continente
americano possui um amplo leque de estudo, o que lhe permite incluir em suas análises assuntos como mitologias;
rituais; práticas econômicas e políticas; padrões de arquitetura; artes e outras abordagens que possam estar ligadas
às observações astronômicas desses povos (MANGAÑA, 1986). No caso específico dos povos indígenas
brasileiros, é perceptível que boa parte desses estudos tem se debruçado sobre a mitologia indígena, muito
relacionada com a cosmologia e a cosmogonia de cada povo – a despeito de quaisquer similaridades entre eles.
E apesar de afirmações (pré)-conceituosas como a de que o indígena não distingue os mitos dos relatos, isso não
significa que essas populações estejam petrificadas na crença dos mitos analisados, muito pelo contrário: "Esses
estudos sobre mitos e tradições dos povos indígenas da atualidade (...) revelam que reelaborar suas tradições (...)
constitui uma necessidade de sobrevivência e autoestima do próprio grupo” (ALMEIDA, 2003).