QUILOMBO MEMÓRIA: RELATOS DA VIDA E OBRA DE MÃE BINA – A MÃE PARTEIRA (MÃE DE SANTO E PARTEIRA) DA COMUNIDADE QUILOMBOLA DE PRAIA GRANDE/ ILHA DE MARÉ

Authors

  • RENATO DAS NEVES PAULO Universidade do Estado da Bahia - UNEB, Salvador
  • ANDERSON SOUZA VIANA Universidade do Estado da Bahia - UNEB, Salvador

Abstract

Este relato pretende descrever a experiência da inquietação e busca em responder a seguinte pergunta: quem foi Mãe Balbina? A conhecida Mãe Bina da Comunidade Quilombola de Praia Grande, Ilha de Maré. Falo da Ilha de Maré, a mesma Ilha, imortalizada na voz da imortal Beth Carvalho, na linda canção de composição de Walmir Lima – Ilha de Maré “ah, eu vim de Ilha de Maré minha senhora, pra fazer samba na lavagem do Bonfim”. Ilha de Maré, ambiente insular da capital do Estado da Bahia, localizada na Baia de Todos os Santos que possui uma extensão de 13.87 Km² ou 1.378,57 ha e, uma população de 6.434 habitantes segundo o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, do ano de 2010 (IBGE, 2018). A Ilha é composta por 11 comunidades: Bananeira, Ponta Grossa, Porto dos Cavalos, Martelo, Praia Grande, Santana, Itamoabo, Neves, Botelho, Maracanã e Caquende (ESCUDERO, 2011) sendo 5 certificadas como Comunidade Remanescente de Quilombos pela Fundação Palmares. Apesar de sua atuação como parteira e líder espiritual - Mãe de Santo, abranger todas as comunidades da Ilha, foi em Praia Grande que Mãe Bina viveu, também foi nessa comunidade que realizada a pesquisa etnográfica para responder ao questionamento desse estudo. Através de uma amistosa conversa com o senhor Claudionor, conhecido com Seu Noca, de 90 anos de idade, morador da comunidade de Praia Grande, Ilha de maré que conviveu juntamente com Mãe Bina por 36 anos, desde seu primeiro ano de idade, pois foi pego de parto por ela, até o seu falecimento. Como auxílio no diálogo, para confecção de uma linha do tempo que possibilite traduzir os eventos da história da vida e obra de Mãe Bina, criamos um questionário contendo 11 perguntas distintas a respeito da trajetória de vida de mãe Balbina e sua contribuição para existência do Território Quilombola de Ilha de Maré, atualmente chamado de Quilombo Afro-Maré. As informações colhidas na entrevista com Seu Noca além de revelar que seu conhecimento foi adquirido através de seus antepassados que habitavam no bairro de Itapuã, Salvador, Bahia. Porém, como na primeira metade do século XX as religiões de matriz africana, mais precisamente o candomblé, foram perseguidas e proibidas no Brasil, Mãe Bina foi obrigada a atravessar o mar para buscar refugio em Ilha de Maré a fim de dar continuidade a seu trabalho espiritual (RODRIGUES, 2012). Além disso, a conversa contribuiu para entender o porquê que leva Mãe Bina a ser reverenciada por grande parte da população de Ilha de Maré, além de ter na lembrança dos moradores o reconhecimento da importância de sua atuação para a manifestação da ancestralidade afro-brasileira através do fortalecimento da religiosidade e da cultura de matriz afro-indígena. Como diz bem Seu Noca: “Mãe Bina, é mãe de todos., porque todos da ilha passaram pela mão dela”.

Author Biographies

RENATO DAS NEVES PAULO, Universidade do Estado da Bahia - UNEB, Salvador

Graduando em Ciências Sociais.

ANDERSON SOUZA VIANA, Universidade do Estado da Bahia - UNEB, Salvador

Doutorando em Difusão do Conhecimento.

Published

2021-08-27

How to Cite

PAULO, R. D. N., & VIANA, A. S. (2021). QUILOMBO MEMÓRIA: RELATOS DA VIDA E OBRA DE MÃE BINA – A MÃE PARTEIRA (MÃE DE SANTO E PARTEIRA) DA COMUNIDADE QUILOMBOLA DE PRAIA GRANDE/ ILHA DE MARÉ. Cadernos Macambira, 4(2), 186–187. Retrieved from https://revista.lapprudes.net/CM/article/view/330