LIMITES E POSSIBILIDADES DA INCLUSÃO DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA NA ESCOLA REGULAR

Abstract

Este texto trata da escolarização de alunos com deficiência em escola regular, buscando problematizar alguns limites e também possibilidades vivenciadas por uma realidade escolar pública do interior do estado do Rio Grande do Sul/RS. Ao entender a inclusão como um processo a acontecer na escola em muitas intensidades, envolvendo diferentes sujeitos e situações, entende-se também sua importância em meio à garantia de igualdade de oportunidades relacionadas à educação a todos os alunos e que, ao mesmo tempo, respeite suas especificidades. Contudo, é importante problematizá-la mediante os limites e possibilidades que se apresentam nas realidades escolares, as quais também são singulares, mas qualificam-se à medida que socializadas. Reconhecendo a inclusão como um processo complexo e possível de muitas reflexões, o que se quer é, a partir de um Estudo de Caso, perspectiva qualitativa e de Análise Textual Discursiva, apresentar proposições advindas de observações e entrevistas com os sujeitos participantes da pesquisa, suscitadas a partir do seguinte questionamento: quais reflexões sobre inclusão de alunos com deficiência são possíveis diante da realidade escolar pesquisada? Metodologicamente, as observações atentaram-se para duas salas de aula: 3º e 4º ano do Ensino Fundamental, em períodos quinzenais e duração dois meses, envolvendo dois alunos: um diagnosticado com Deficiência Intelectual e outro com Transtorno do Espectro Autista; as entrevistas sobre a inclusão desses alunos foram realizadas com duas professoras, uma funcionária, uma monitora, uma professora de Sala de Recursos, uma vice-diretora e uma coordenadora pedagógica da escola. Como resultados, destaca-se: “passar do acesso escolar para a efetivação do aprender”, uma vez que a inclusão foi compreendida para além da socialização, mas em garantia de aprendizagem e desenvolvimento de todos os alunos na escola; “qualificar os espaços e os educadores com condições que viabilizem a aprendizagem dos alunos com deficiência”, pois ao mesmo tempo que se reconhece sua complexidade de efetivação, também compreende-se que essa proposição precisa ser um objetivo escolar constante e, sem as mesmas, o processo mostra-se falho; “a importância dos aspectos atitudinais frente alunos com deficiência”, sendo algo que merece constante atenção no espaço escolar pois possibilita (ou dificulta) as relações, interações escolares e, consequentemente, a inclusão desses alunos; “adaptações pedagógicas e arquitetônicas são imprescindíveis”, pois cada aluno apresenta suas singularidades e as mesmas necessitam serem respeitadas e reconhecidas no espaço escolar; “a importância da formação continuada de professores para a qualificação da inclusão” – proposição mais recorrente e que exige olhar constante e atento a fim de garantir as condições e possibilidades para tal – uma vez que os professores podem ser considerados responsáveis pelo ensino direcionado aos alunos, tomando centralidade o que este profissional propõe pedagogicamente por meio de recursos, estratégicas, atividades, momentos, etc, e que tem a possibilidade de contribuir (ou não) com a aprendizagem, desenvolvimento e inclusão de alunos com deficiência. E, por fim, destaca-se a “necessidade de acreditar na possibilidade da inclusão escolar” para que esta realmente se efetive por meio de ações e contribua com o direito à educação – políticas de acesso, permanência e qualidade educacional – para todos os alunos, sem exceção.