DIRETRIZES PARA IMPLANTAÇÃO DE PARQUE URBANO COM SISTEMAS AGROFLORESTAIS NO MORRO DA PIÇARREIRA NO BAIRRO SANTA MARIA EM ARACAJU- SE
Resumen
Parques Urbanos são grandes áreas vegetadas dentro da cidade que promovem o lazer e a interação entre
pessoas e natureza, buscando promover qualidade de vida. Já os sistemas agroflorestais são um conjunto de
técnicas e princípios de manipulação dos recursos naturais em que se realiza o plantio simultâneo de diferentes
espécies, incluindo cultivos agrícolas, em um mesmo espaço. Neste trabalho, propomos a implantação de um
Parque Urbano com Sistemas Agroflorestais como recurso para diminuição dos problemas socioambientais
encontrados no Morro da Piçarreira e em seu entorno, localizado no bairro Santa Maria - Aracaju/SE, para
requalificação do espaço, assim como para uso parcial do solo para a produção de alimentos e regeneração
ambiental. Para tal, buscamos referências de projetos reais dentro e fora do Brasil, realizamos visitas ao bairro e
o morro, entrevistamos a coordenadora de uma ONG local, e por fim, buscamos a orientação de agroflorestores.
Como resultado, elaboramos uma proposta de zoneamento espacial do parque urbano junto a diretrizes gerais de
uso e atividades, fizemos o recorte espacial do morro com uma proposta de projeto piloto também com suas
diretrizes gerais de uso e atividades, além de diretrizes técnicas de forma a tornar viável a execução pela própria
comunidade.
Palavras-chave: agrofloresta, comunidade carente, meio urbano.
CONTEXTUALIZAÇÃO
No bairro Santa Maria é notável a falta de espaços de lazer, infraestrutura, saneamento básico, saúde e
segurança pública. Há anos o bairro é considerado um dos mais desvalorizados de Aracaju devido, entre outros
fatores, às condições de sua ocupação inicial, que ocorreu como consequência de invasão da área por
comunidades migratórias junto a políticas de desfavelização de outros bairros da cidade. O Morro da Piçarreira,
situado no bairro, já não possui mais as características originais de sua fauna, flora e volumetria. A intervenção
do homem com desmatamento feito em seu entorno e no próprio morro, além da retirada de terra, o aterramento de áreas de mangues e a influências dos processos naturais, resultaram em processos degradativos, como a erosão
do solo e o acelerado escoamento das águas pluviais para dentro do bairro, colocando em risco a comunidade.
Além disso, é possível observar que o abandono do local também tem gerado problemas de segurança pública,
por ser um espaço sem função estabelecida dentro do contexto urbano, esse espaço tem sido utilizado para práticas
ilícitas, demandando a intervenção do poder público.
PROPOSTA GERAL
A proposta de implantação de um parque urbano com sistemas agroflorestais vem a partir de uma
intenção geral de ter um espaço com múltiplas funções, onde seja possível extrair o máximo de potencialidades.
A existência do Morro da Piçarreira se configura como uma oportunidade de integração com a malha urbana,
estabelecendo funções para o espaço, que permitam o uso adequado para as pessoas. A partir da proposta deste
trabalho de desenvolver diretrizes para a implantação de um parque urbano com sistemas agroflorestais no Morro
da Piçarreira, foram feitos estudos iniciais do morro com um zoneamento geral onde foram traçados eixos de
circulação. Devido à grande escala do projeto, optamos por fazer um recorte espacial de um perímetro menor
para uma proposta de implantação de um projeto piloto, tendo como ponto de partida uma parceria com a
organização não-governamental Comunidade Católica Servos e Servas da Santíssima Trindade, que há mais de
30 anos oferece de forma gratuita serviços básicos à comunidade e realiza com os alunos (ver figura 01), práticas
de cultivo em um terreno em frente a ela que fica na margem do morro (ver figura 02).
PROPOSTA DE ZONEAMENTO DO MORRO: DIRETRIZES GERAIS DE USOS E ATIVIDADES DO
PARQUE URBANO COM SISTEMAS AGLOFLORESTAIS Exploração do potencial turístico com a construção de mirante para a cidade de Aracaju; barracas de
exposição de produtos artesanais locais; barracas de orientação e compartilhamento de plantas medicinais;
construção de espaço cultural; anfiteatro; espaços de estar e contemplação; feiras para distribuição de alimentos;
postos de recebimento de material reciclável, que pode ser trocado por créditos para retirada de alimentos nas
feiras de distribuição de alimento; mutirões de sistemas agroflorestais; encontros religiosos; atividades
recreativas: trilhas, tirolesa e asa delta; práticas esportivas de diversas modalidades; acampamentos (ver figura
03,04 e 05).
PROJETO PILOTO
É possível observar a implantação do projeto piloto (ver figuras 06, 07, 08, 09, 10 e 11) as versões
humanizadas e as plantas com detalhamento técnico simplificado do perímetro escolhido, a começar pelo terreno
em frente à ONG, que recebeu uma área com arquibancada de pneus e um espaço em frente para barraca de
orientações e distribuição de ervas medicinais. As ervas se encontram ao lado em formato de espiral e ao fundo
do terreno está a agrofloresta. Em sequência foram dispostos pneus para a composição de uma escada que leva a
uma clareira de terra batida com uma área impermeabilizada com o espaço central circular reservado para CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esperamos que a partir da aplicação prática das diretrizes técnicas projetuais, de uso e atividades
propostas no projeto piloto, seja possível a consolidação de uma infraestrutura adequada à utilização do espaço
pré-existente, além da produção efetiva de alimentos para a com munidade. Gostaríamos de concluir destacando
que o principal produto pretendido com a elaboração deste trabalho foi a possibilidade de implantação do projeto
piloto, como uma versão simplificada do projeto maior, de maneira que possa ser realizado pelas próprias pessoas
da comunidade. Esperamos com isso que esse projeto piloto possa servir de observatório embrionário do uso
prático dos sistemas agroflorestais, potencializando a possibilidade de atrair investimento macro do poder público
para a implantação de um parque urbano com sistemas agroflorestais no morro posteriormente, partindo de
estudos mais aprofundados e uma atuação mais técnica, mas que não dispense o protagonismo das pessoas do
local. Por fim, esperamos que essas propostas possam contribuir na diminuição dos problemas socioambientais
do local, na articulação do morro com a malha urbana, atribuindo uma função social, trazendo um público externo
ao bairro, requalificando a paisagem, produzindo alimentos de qualidade, entre outros benefícios.