CONHECIMENTO LOCAL SOBRE INTERAÇÕES ENTRE PLANTAS E APIFAUNA VISITANTE EM UM AMBIENTE DE CAATINGA NA BAHIA, BRASIL
Palabras clave:
Caatinga, Colônias de abelhas, Educação Ambiental, SustentabilidadeResumen
A sabedoria tradicional é um conjunto de conhecimentos adquiridos através de experiências duradouras na estrutura da vida em sociedade, buscando sempre a preservação da natureza. O objetivo do presente estudo foi caracterizar o conhecimento local acerca das interações entre plantas e a apifauna visitante em um ambiente de caatinga, no povoado de Quixabeira, Uibaí, Bahia. A área de estudo abrange 17 hectares de interação com colônias de abelhas eussociais, incluindo espécies como Apis mellifera (Linnaeus, 1758) – abelha europeia (africanizada), Trigona spinipes Fabricius, 1793) – irapuã e Frieseomelitta doederleini (Friese, 1900) – moça-branca, e Scaptotrigona aff. postica (Latreille, 1807) – tubi. Durante a visita técnica realizada em uma propriedade privada no povoado de Quixabeira, Uibai, Bahia, foram obtidas informações sobre as interações entre plantas e apifauna visitante por meio de indagações aos meliponicultores locais. Para a comparação e determinação taxonômica das espécies vegetais citadas, foi feita uma consulta ao site do Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (https://ala-bie.sibbr.gov.br/ala-bie/species/265306?lang=pt_BR). Segundo relato dos meliponicultores e apicutores, as abelhas visitam com frequência as flores de espécimes como Sida cordifolia L. (Malva Branca), Mauritia flexuosa L.f. (Buriti) e Amburana cearensis (Allemão) A.C.Sm. (Umbura-na). Essas espécies são exemplos de plantas com as quais as abelhas estabelecem interações ecossistêmicas, sendo consideradas espécimes de comportamento generalista. Essas interações são importantes para a manutenção da biodiversidade e implicam na necessidade de preservação da vegetação da Caatinga, bioma ao qual essas espécies pertencem (SILVA et al., 2017). Partindo da experiência prática do uso de abelhas para promover a sustentabilidade e a educação ambiental, é possível incorporar valores simbólicos e pedagógicos que naturalmente levam à adoção de ações estruturantes de conhecimento e conservacionistas na cultura local. Isso pode estabelecer um saber popular e tradicional de conservação por meio da produção de abelhas e cuidado ao meio ambiente. No entanto, é necessário realizar investigações para compreender os fatores que influenciam a comunidade local e determinam o padrão de organização desses povoados. A percepção e o entendimento das causas pelas quais se constitui o preservacionismo são imprescindíveis para nortear ações que visem à subsistência do bioma e ao uso sustentável dos serviços ecossistêmicos, incluindo a polinização. A perda da biodiversidade é um dos maiores problemas globais, e a polinização tem um papel chave na conservação da biodiversidade, prestando um serviço vital para os ecossistemas. O conhecimento prévio subsidia estratégias para a conservação da flora que é frequentada por abelhas, permitindo que as comunidades locais entendam a importância da manutenção dos remanescentes florestais e de todas as formas de vida existentes.
Citas
SiBBr, Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira. Trigona spinipes. 2021. Disponível em: https://ala-bie.sibbr.gov.br/ala-bie/species/265306?lang=pt_BR. Acesso em: 03 de maio de 2023.
SILVA, C. P. da et al. Abelhas eussociais visitantes florais de Amburana cearensis (Allemão) A.C.Sm. (Fabaceae), no Sertão Paraibano. Biotemas, v. 30, n. 2, p. 131–139, 2017.