EWÉ ÓRÍ: SABERES ANCESTRAIS DAS PLANTAS MEDICINAIS NA COSTA DAS BALEIAS
Resumo
A origem do conhecimento do homem sobre as plantas medicinais certamente surgiu, à medida que tentava suprir suas necessidades básicas, através das casualidades, tentativas e observações que são conjunto de fatores que constituem o empirismo. O estudo de etnobotânica compreende o resultado da utilização de uma ou várias estruturas vegetais com princípios ativos na sua conformação por culturas tradicionais. Essa sabedoria popular além de forte estratégia de pistas de eficácia e/ou toxidade das plantas medicinais a inspirou os subsequentes estudos a cerca da sabedoria popular, como este trabalho que aborda as espécies e também a etnia dos entrevistados. A pesquisa utilizou a metodologia de entrevista semi-estruturada, com 20 pessoas sendo metade do sexo masculino e outra metade do sexo feminino, acima de 60 anos e de variadas etnias, abordando os saberes empíricos sobre a utilização das ervas no Órí, na cidade de Alcobaça e Nova Viçosa, no período de outubro de 2017 á outubro de 2018. Dentre os entrevistados no que diz respeito à etnia, seis brancos, quatro mestiços, sete negros, três índios. Em relação á religião, onze disseram ser católicos, quatro protestantes, três indígenas e dois de religião de matriz Africana. Foram contabilizadas 14 espécies de plantas que possuem efeito medicinal para 15 doenças e outros usos, no Órí, segundo os conhecimentos dos entrevistados. Portanto a interação entre a comunidade e a farmacologia traz não só a ancestralidade, como também a disseminação e contribuição para a formação de nova designação do uso das plantas, abrangendo métodos de cura usados por diferentes povos.
O uso de plantas medicinais como fitoterápicos, certamente surgiu, à medida que tentava suprir suas necessidades básicas, através das casualidades, tentativas e observações que são conjunto de fatores que constituem o empirismo (ALMEIDA, 2011). À medida que os diferentes povos se tornaram mais habilitadas em suprir as suas necessidades de sobrevivência, estabeleceram-se papéis sociais específicos para os membros da comunidade em que viviam. Um dos primeiros desses papéis foi o de curandeiro, que guardava os saberes das ervas com zelo, transmitindo-o, seletivamente, a iniciados bem preparados (SIMON, 2001).
O estudo de etnobotânica compreende o resultado da utilização de uma ou várias estruturas vegetais com princípios ativos na sua conformação por culturas tradicionais, bem como o contexto cultural em que cada planta é utilizada, como fins medicinais. Essa sabedoria popular além de forte estratégia de pistas de eficácia e/ou toxidade das plantas medicinais a inspirou os subsequentes estudos a cerca da sabedoria popular, como este trabalho que aborda esses conhecimentos de ervas que serve para utilizar no Órí – (cabeça) com a descrição das espécies, etnia e religião dos entrevistados.
O Brasil é um país com grande diversidade biológica e cultural e que conta, por isso, com um acúmulo considerável de conhecimentos tradicionais, entre os quais se destaca o vasto acervo de saberes sobre o manejo e utilização de plantas medicinais. Diversos grupos culturais recorrem às plantas como recurso terapêutico, sendo que, nos últimos anos, intensificou-se o uso como forma alternativa ou complementar aos tratamentos da medicina tradicional (DORIGONI et al. 2001).
Diante disso, o projeto teve como principal objetivo compreender a importância dos saberes tradicionais de pessoas acima de 60 anos de diferentes etnias com base na autodeclaração, mediante a triangulação: etnobotânica, farmacognosia e fitoterapia, a partir da escuta sensível sobre o cultivo de plantas medicinais, assim como orientação sobre a preparação e o uso de remédios caseiros para a vida do ser humano, correlacionados ao conhecimento acadêmico.