AGROECOLOGIA, CONHECIMENTO POPULAR E CIÊNCIA NA LUTA POR SAÚDE: PLANTAS MEDICINAIS COMO ELEMENTO DE PRESERVAÇÃO DA VIDA
Resumo
A presente pesquisa traz o debate da manutenção da saúde em diálogo com os Princípios da Agroecologia: i) a manutenção da vida que exige a preservação da natureza, ii) a natureza é diversa e complexa e, iii) por isso, o movimento agroecológico se alia a ciência para construir transformações no modo de vida atual a fim de garantir saúde e conservação da vida a partir da natureza. Esta é o ponto de partida e de chegada. Aqui é imperativo que nos reportemos ao nosso ambiente imediato, o semiárido baiano e, mais especificamente, o bioma Caatinga, uma fonte inesgotável de vida quando conservada. O projeto é desenvolvido junto ao Laboratório Vivo: Núcleo de Agroecologia e Educação do Campo, do Centro de Ciências e Tecnologia em Energia e Sustentabilidade da UFRB, financiado pelo Edital 21/2016, – Chamada MCTIC/MAPA/MEC/SEAD - Casa Civil/CNPq. Resgatamos o conceito de saúde enquanto direito, uma contraposição ao contexto de sociedade hegemônica que, prioritariamente, trata da doença. Nosso aporte teórico é o conceito de saúde coletiva do MST, da Fiocruz e do Observatório da Saúde das Populações do Campo, da Floresta e das Águas. Ambos expressam seu apoio a manutenção do Sistema Único de Saúde enquanto base de construção de uma concepção de saúde, muito embora compreendam que suas ações são divergentes. O SUS, dado a formação de seus profissionais, ainda secundarizam ou negam os saberes tradicionais quanto ao uso de plantas medicinais e das práticas integrativas da medicina tradicional. A Educação do Campo pode e deve construir sua contribuição nesse campo do conhecimento, em especial quando discute Agroecologia dentro de um curso de Ciências da Natureza. Na Agroecologia a base do trabalho é a manutenção da vida presente e futura. Ali, o conceito de saúde que está ligado a qualidade de vida dos povos do campo e da cidade pela via da alimentação saudável. O alimento saudável, a justiça social e a igualdade de direitos são fontes de saúde, aliadas as plantas medicinais. Nessa direção, o foco central desta pesquisa o saber popular tradicional advindos de povos indígenas e quilombolas que conhecem profundamente as propriedades medicinais de plantas da caatinga, utilizadas por gerações desde a ancestralidade. A dimensão do uso é o da prevenção e não da cura de doenças. A pesquisa é de cunho qualitativo e experimental onde, partindo do resgate dos saberes ancestrais, cultivamos algumas plantas na unidade de produção agroecológica do Gonçalo, situado no campus de Feira de Santana, classificadas popularmente como medicinais. A partir de pesquisas bibliográficas e do trabalho em laboratório, analisamos suas propriedades curativas. Muitos estudos apontam a importância dos fitoterápicos e das plantas medicinais para a saúde como tratamento alternativo em algumas Unidades de Saúde no Brasil. O reconhecimento científico acerca das plantas medicinais, como apontam alguns trabalhos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) já é uma realidade e, além de ser acessível à população com baixo custo, dialoga com a sustentabilidade socioambiental, permitindo enfrentar e fazer resistência ao agronegócio visivelmente nocivos à saúde humana.