Acompanhamento de um caso de estudante diagnosticada com TDAH a partir de uma perspectiva historicizante
Palabras clave:
TDAH, Atendimento Educacional Especializado, Psicanálise, MedicalizaçãoResumen
O presente relato de experiência é fruto de um período de atendimento educacional especializado (AEE) realizado junto a uma estudante do ensino médio técnico de um Instituto Federal diagnosticada com TDAH. O enfoque desse trabalho é baseado numa perspectiva não centrada no modelo médico, que considera de maneira crítica a tendência medicalizadora da educação e da adolescência, tida como uma marca da contemporaneidade que atravessa diversas esferas da sociedade. Observou-se a adesão por parte da rede de apoio da estudante aos discursos patologizantes das manifestações apresentadas pela jovem, com o emprego de intervenções epistemologicamente fundadas no modelo médico, biologizante e normatizador, voltadas ao treino de habilidades, eliminação de sintomas e comportamentos considerados inadequados, além da prescrição medicamentosa pela técnica médica para tratamento de diferentes diagnósticos, que flutuam e cambiam-se ao longo do período de acompanhamento, havendo variações de psicoativos e respectivas suas dosagens. O trabalho do AEE junto a essa estudante procurou depositar seus empenhos tomando como base uma perspectiva ética de escuta das manifestações comportamentais da jovem enquanto cartas endereçadas a um outro social, e a quem possa recebê-las para além das tentativas de normatização. Considera-se que o aporte teórico da psicanálise oferece subsídios para essa escuta ampliada e para sustentação do trabalho, para que se torne possível o desencadeamento de novas modalidades de estar na instituição escolar. A aposta nessa mirada teórica permite apontar para a possibilidade de sobrevivência e travessia diante desse quadro enquanto elementos necessários para o trabalho educativo.
Citas
GOMES, K. A adoção à luz da teoria winnicottiana. Winnicott E-prints volume 1 n.2, série 2, p. 52, 2006. http://pepsic.bvsalud.org/pdf/wep/v1n2/v1n2a05.pdf (Acesso em 15/09/2022)
LIMA, A. Educação especial, conhecimento e capacitismo: a persistência da exclusão no Brasil contemporâneo. Tese de doutorado UFRGS. Porto Alegre, 2022. https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/240099/001141149.pdf?sequence=1&isAllowed=y (Acesso em 15/09/2022)
RAHME, M. VORCARO, A. Interrogações sobre o lugar do sujeito no delineamento de uma educação especializada. Educação (Porto Alegre, impresso), v. 38, n. 2, p. 177-184, maio-ago., 2015. https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/faced/article/view/20043/13653 (Acesso em 13/09/2022)
VASQUES, C.K. Formas de conhecer em educação especial: o diagnóstico como escudo e lista. Rev. educ. PUC-Camp., Campinas, 20(1): 51-59, jan/abr., 2015. https://periodicos.puc-campinas.edu.br/reveducacao/article/view/2943/1972 (Acesso em 14/09/2022)
VEIGA-NETO, A. Incluir para saber. Saber para excluir. Pro-posições, v.12, n. 2-3 (35-36), jul.-nov., 2001. https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/proposic/article/view/8643993/11442 (Acesso em 15/09/2022)