A constituição subjetiva de vidas surdas que transitam a educação inclusiva: violências e contra-condutas

Resumo

A falta de processos inclusivos sólidos na direção às singularidades e as diferenças no espaço escolar se constituem como violências simbólicas. Esta pesquisa tem por objetivo cartografar as práticas de violência simbólica em contexto inclusivo com alunos/corpos surdos e os impactos dela na constituição subjetiva e no ethos surdo. Trata-se de um estudo de casos múltiplos, na perspectiva paradigmática de Michel Foucault, de abordagem qualitativa do tipo descritiva, a partir da perspectiva de um trabalho cartográfico. Estão sendo acompanhadas quatro vidas surdas, em uma cidade no ABC paulista, matriculados na rede pública de ensino, no Ensino Fundamental II e Ensino Médio. A coleta de dados está acontecendo em duas frentes: observações na escola, com entradas a partir da vivência em um diário de campo pela pesquisadora e uma entrevista semiestruturada. Será proposta a análise de discursos de alunos surdos, trazendo as marcas de suas experiências e as implicações de tais perspectivas no processo escolar. Optou-se por uma análise cartográfica, com base na filosofia da diferença, com referencial teórico, principalmente, Deleuzo-Guattariano e Foucaultiano. Para organizar a análise dos dados coletados, serão escolhidos eixos norteadores. Acredita-se que a pesquisa possa reconhecer aspectos que levam às violências simbólicas na constituição da subjetividade durante a trajetória escolar de surdos. Espera-se observar experiências em salas regulares que se colocam como resistências. Crê-se que por meio das vozes surdas seja possível favorecer a construção de políticas públicas que aprimorem a inclusão de surdos baseado na lógica da multiplicidade e não da mesmidade normativa.