Quilombo Cabula: territórios sagrados na luta pelos rios Arifundi e Cachoeirinha
DOI:
https://doi.org/10.35642/rm.v9i1.1666Palavras-chave:
Racismo ambiental, Conflitos hídricos, Comunidades de terreiroResumo
Este artigo investiga o desaparecimento do Rio Arifundi – curso d’água sagrado para comunidades de terreiro – e sua relação com a Represa e o Rio Cachoeirinha, situados na Bacia do Rio das Pedras, em Salvador, Bahia. O objetivo é analisar como a urbanização desordenada, a especulação imobiliária e as políticas públicas excludentes contribuíram para o apagamento físico e simbólico desses rios e seus impactos sobre a cosmovisão afro-brasileira e os direitos das populações negras. A partir dos conceitos de toponímia, racismo ambiental e racismo religioso, analisa-se o desaparecimento desses cursos d’água. Por meio de revisão bibliográfica, análise documental e relatos orais, o estudo evidencia a interseção entre degradação ambiental e violação de direitos territoriais e religiosos das populações negras. Conclui-se que os casos dos rios Arifundi e Cachoeirinha, assim como da Barragem Cachoeirinha, exemplificam um processo mais amplo de epistemicídio e apagamento histórico, exigindo ações de reparação baseadas na justiça ambiental, no reconhecimento cultural e na efetivação de direitos.
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