Educação do campo, territorialidade e ensino de ciências: revisão narrativa sobre currículo e contextualização (2000–2025)

Resumo

Este artigo tem por objetivo analisar como a territorialidade, a organização curricular e a contextualização do ensino de Ciências se articulam na Educação do Campo, a partir de uma revisão narrativa da literatura (2000–2025). A busca foi realizada no Portal de Periódicos CAPES, com descritores combinados pelo operador booleano AND e critérios explícitos de inclusão/exclusão; o corpus final compreende 18 artigos revisados por pares. A análise, informada pelo Multiculturalismo Crítico e pelo Pluralismo Epistemológico, indica consenso quanto à territorialidade como princípio estruturante, mas revela baixa operacionalização no currículo e nas práticas. Persistem barreiras sistêmicas — restrições à autonomia escolar, lacunas na formação docente e materiais pouco ancorados no território — que dificultam articular, de modo co-fundante, saberes científicos e conhecimentos locais. Identificam-se arranjos pedagógicos promissores — notadamente a Pedagogia da Alternância, entendida como organização de tempos e espaços formativos, e não como “metodologia ativa” — e estratégias didáticas (projetos interdisciplinares, resolução de problemas contextualizados) que favorecem o enraizamento territorial do currículo. As Escolas Famílias Agrícolas (EFAs) figuram como experiências referenciais quando presentes no corpus, sem configurar lócus exclusivo. Conclui-se que ampliar a autonomia curricular, fortalecer a formação docente e fomentar a produção colaborativa de materiais contextualizados são condições para currículos não fragmentados e socialmente referenciados. A natureza interpretativa da revisão delimita o alcance das inferências e aponta a necessidade de investigações empíricas comparativas sobre condições de implementação e efeitos formativos em Ciências.